16 de abr. de 2012

Juiz muda registro de trans em GO, mesmo sem operar.‏

http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/04/decisao-judicial-aprova-mudanca-de-nome-de-transexual-em-ceres-goias.html

Um juiz da 2ª Vara de Ceres, a 177 quilômetros de Goiânia, acolheu parecer do Ministério Público (MP) e foi favorável a um pedido
de mudança de documentação civil de Vando Carvalho dos Santos. Desde os
20 anos, o transexual, atualmente com 31 anos, mudou seu guarda-roupa,
se traveste de mulher e passou a atender por Ana Kely.
Mesmo ainda não tendo se submetido à cirurgia de mudança de sexo,
segundo a decisão judicial, ficou comprovado que a transexual Ana Kely
possui características femininas e porta-se como mulher em seu
cotidiano. A retificação do nome, segundo o magistrado, foi concedida
devido ao constrangimento sofrido pelo rapaz, que está se submetendo a
tratamento psicológico para passar por procedimento cirúrgico para mudar de sexo e faz tratamento com hormônio desde os 15 anos. A ação que
aprovou a mudança de nome durou aproximadamente quatro meses.
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Segundo Ana Kely Carvalho dos Santos, a mudança do nome foi um passo
mais importante que a própria cirurgia, que está prevista para acontecer no final de 2013, quando termina o tratamento psicológico. “Não estou
dando muita importância para a cirurgia. Eu já estou 95% completa. Não
fiz a mudança de sexo, mas já consegui o que era o mais importante”,
relata Ana Kely.
A transexual, que é microempreendedora, afirma já ter passado por
vários constrangimentos na rua e no trabalho pelo fato de ter registrado o nome de homem e ter aparência de mulher. “O nome sempre me causou
mais constrangimento porque se passar por uma mulher não é fácil”, conta Ana Kely.
Mudanças
Ana Kely, como é chamada por amigos e familiares desde os 15 anos,
conta que notou modificações em seu comportamento quando tinha apenas
oito anos: “Comecei a notar que meu comportamento era diferente. Eu
notei que gostava e sentia desejo por pessoas do mesmo sexo que eu, mas
não entendia. Eu pensava: ‘Mas eu gosto de meninos?’. Era estranho
porque o certo, segundo a sociedade de um modo geral acredita, seria
gostar de meninas”.
Com silicone, cabelos longos, voz mais fina após uma cirurgia nas
cordas vocais e no pomo de adão, realizada há aproximadamente um mês,
Ana Kely conta que a época de colegial, entre seus 15 e 18 anos, foi
quando sofreu mais preconceito. “Nessa época, eu comecei a deixar o
cabelo crescer, já usavas blusas femininas e maquiagem. Ouvia de tudo:
‘boiolinha’, ‘menininha’, ‘bichinha’. Sempre pedi à direção da escola
que mudasse meu nome na chamada, porque era estranho. Eles me chamavam
de Vando, mas, quando me olhava no espelho, não era isso que eu via”,
relata o transexual.
Família
Ana Kely tem mais duas irmãs e um irmão. Ela conta que em casa nunca
enfrentou problemas por causa de sua condição sexual: “Em casa foi
tranquilo, não teve choque, não foi preciso reuniões. Eu sempre fui mais
delicada, mais reservada e não gostava de roupas masculinas. Então,
tudo aconteceu naturalmente, sem muito exagero”.
Segundo o advogado do transexual, José Barreto Neto, a conquista de sua cliente abre portas para que pessoas na mesma situação consigam mudar
de nome: “Ela sofria muito preconceito, sempre sofreu. O nome na
identidade já foi mudado e o sexo também será alterado no documento
assim que ela passar pela cirurgia”.
Até este sábado (14), Ana Kely ainda não havia dado entrada para os
novos documentos, mas afirmou que já está se preparando para realizar o
procedimento.
 

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