30 de jan. de 2012

TRANSFOBIA: Transexual acusa vereador (do PT) de homofobia em Queiroz, Tupã, SP‏

Transexual acusa vereador de homofobia em Queiroz

Denúncia foi feita ontem, através da Rádio Cidade FM pelo transexual Raíssa da Mata

Com Diário de Tupã

Os ares da pacata cidade de Queiroz se agitaram nos últimos dias, por causa do primeiro caso de denúncia pública de discriminação contra um homossexual e que, de quebra, envolve um vereador. A denúncia foi feita ontem, através da Rádio Cidade FM (91,5 MHz), pelo transexual Raíssa da Mata. 

Marcos Ferreira da Silva (no registro civil), de 36 anos de idade, acusa o vereador José Paulo Nemésio, o Paulinho do PT, de no último sábado tê-lo impedido de usar o sanitário feminino da praça central da cidade. “Eu fui ao banheiro e fui abordada pela segurança da praça (pública), afirmando que o vereador Paulinho não queria que eu frequentasse o banheiro feminino. Inclusive a praça estava cheia e eu me senti constrangida. Eu perguntei por que e ele disse que era ordem do vereador. Então, me dirigi à Delegacia, onde fiz um boletim”, contou Raíssa que atua como manicure, cabeleireira e colabora com um jornal local
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Primeira vez
Nascido em São Paulo, o transexual contou que se mudou para Queiroz há 11 anos e há cerca de 5 vive uma relação estável (casada), e que tem uma vida de militância sexual pública e notória, e que nunca sofreu qualquer censura por causa de sua opção sexual. “Estranho porque a cidade tem tantos problemas e o vereador poderia se preocupar com outras coisas, não com a vida ou a opção sexual dessa ou daquela pessoa... Nunca tive nenhum problema”. 

Raíssa disse também que o vereador teria alegado que a suposta proibição foi determinada por causa das reclamações de mulheres da cidade, que estariam se sentindo constrangidas pela presença de um “homem” usando o banheiro feminino. “Eu sempre usei o banheiro feminino. Ando com meu marido aqui pela cidade, vou a mercado. Tenho uma vida assumida há muito tempo... E eu acho que não fica bem, também, estar com meu marido na praça, me levantar da mesa e me dirigir a um banheiro masculino. O que as pessoas vão achar?”, comentou Raíssa
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O outro lado

O vereador Paulinho negou que tenha praticado qualquer tipo de discriminação ao transexual Raíssa da Mata, mas admitiu ter feito “uma recomendação” à funcionária da Prefeitura, com base em reclamações de outras pessoas que utilizam o banheiro público. “Alguns dos amigos meus aqui na cidade são homossexuais... Frequentam minha casa, tem fotos no meu orkut”, completou. 

José Paulo Nemésio lembrou também que nem tem autoridade para “dar qualquer ordem aos servidores” e que apenas orientou. “Eu não sou patrão dela (da servidora), nem tenho poder de ordenar nada a servidor da Prefeitura; apenas fiz uma colocação que deveria ser orientado a eles não usarem o banheiro feminino, porque eu havia recebido várias reclamações de mulheres que iam usar o banheiro e eles estavam lá dentro, até mesmo mostrando seus órgãos genitais. Nem converso com esse Marcos; eu nunca dirigi a palavra a ele”.
Homem ou mulher
Paulinho insistiu na entrevista que, independente da sua condição de transexual, Marcos continua sendo homem. “Tem diversos outros lá, que tem essa opção sexual, inclusive são amigos meus, eles usam o banheiro masculino normalmente... Se ele que é homem, se acha constrangido de usar o banheiro masculino, imagine as mulheres decentes, de família, em dividir o banheiro com um homem”.

O vereador também usou outra comparação quando questionado sobre a relação entre a opção sexual e a natureza de Raíssa. “Ele nunca foi mulher. Eu queria até fazer uma colocação: quando vai ao médico ele vai ao ginecologista ou ao urologista?”.
Política
Paulinho também defendeu que em “um País democrático”, qualquer pessoa tem o direito de defender suas opiniões. “Eu sou um vereador que sempre estou sendo procurado e trabalho em prol da maioria. O vereador é o representante do povo”.
O vereador também acha que seu comentário foi distorcido de forma proposital, com o objetivo de atingir sua imagem política. “Estamos em um ano eleitoral. E como em todas as pesquisas que fazem estou ou em primeiro ou segundo, talvez alguém esteja querendo me atingir. Preconceito eu não tenho; minha mente é aberta. Sou vereador do século 21 e jamais teria esse pensamento equivocado”, finalizou
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Luiz Mott

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