20 de jun. de 2011

Fiz o teste e fiquei sabendo. E agora?

George Gouvea, psicanalista, fala sobre os problemas que enfrentam aqueles que acabam de receber o diagnóstico positivo para HIV.
por George Gouvêa
Atualmente sabe
mos da importância do teste para o HIV. É consenso entre a comunidade médica que quanto mais cedo o indivíduo souber que é soropositivo, maiores serão as chances para o sucesso do tratamento e o controle da replicação do vírus no organismo. Evita-se, assim, o adoecimento e todas as complicações desta situação.
Contudo, ter o diagnóstico positivo para o HIV pode causar um impacto importante em grande parte das pessoas (que pode variar dependendo de vários fatores). Não é fácil saber-se portador de uma doença incurável, de difícil tratamento e que pode complicar as relações sociais.
Receber esse diagnóstico é um choque na vida do individuo, que pode modificar todo o seu cotidiano, fazendo com que símbolos e representações sejam mobilizados por essa nova realidade. Várias questões serão suscitadas e outras ressuscitadas: a lembrança da finitude, as relações sociais (trabalho, família, amigos etc.), o medo da estigmatização e do preconceito, a idéia da morte, dúvidas acerca da sexualidade, as relações afetivas, baixa autoestima, autoculpabilização, sentimento de menos valia, enfim, todo o conjunto de relações desse indivíduo com o seu “Eu” e o mundo a sua volta.
Dessa forma, entendo que o acolhimento e o aconselhamento especializado em HIV/AIDS é um importante instrumento que pode, de forma individual e personalizada, ajudar esses indivíduos a superar esse momento de dúvidas e, em alguns casos, de desespero. Através desse atendimento especializado, as pessoas podem refletir melhor sobre essas questões, obtendo, como resultado prático, um melhor gerenciamento de todas as incertezas e aflições que possam estar dominando-as.
Tratar dos diversos aspectos ligados à Aids, como o uso dos antirretrovirais, os exames de controle necessários, efeitos colaterais, adesão ao tratamento, prevenção secundária e o autocuidado, entre outros, são fundamentais para aquele que pretende superar e vencer esse desafio, transformando a sorologia positiva em uma circunstância possível de lidar, recuperando ao autoestima e a vontade de viver.
George Gouvêa
Psicanalista
Associado ao Fórum do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro
Coordenador das ações de aconselhamento em HIV/Aids e apoio psicológico do Grupo Pela Vidda/RJ
Contato: (21) 2545-0228 e george.gouvea@uol.com.br

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