2° Dia - Dia 22/08/2012 – Nesta
manhã, as 8:45 horas, encontro com os meninos,
como de costume atrasadinha.
Hoje a manhã começou animada,
beijinhos nos meninos como de costume, no rosto em gente por educação, os
meninos já são comprometidos.
Vocês acreditam que o Bruno tem
os olhos verdes? Nunca tinha percebido, depois faço umas fotos com ele e posto
aqui.
O nervosismo e a ansiedade não
eram tão fortes, o medo e a desconfiança nas lentes já não pareciam tão cruéis,
acredito que estamos criando uma relação inicial de amizade, fizemos algumas
fotos no metrô com grandes dificuldades, devido ao intenso movimento, depois
fomos a costureira, na estação carioca, local comum, onde sempre faço pequenos
retoques nas minhas roupas, nesse momento os meninos tiveram a oportunidade de
dar alguns cliques com calma e em diferentes ângulos, e mais uma vez, podemos
perceber no balcão da costureira o rosto dos
curiosos por ali aguardando suas vezes de serem atendidos, forçando suas
mentes para tentarem lembrar, quem poderia ser essa pessoa sendo clicada na
costureira por fotógrafos, será alguém da televisão? Mas qual programa ela faz?
Curiosos momentos a parte com eles.
Nesse momento o Bruno se diverte,
vendo as pessoas totalmente sem saber quem poderia ser eu, eu mesma, uma das
mais famosas celebridades desconhecidas do mundo, celebridade simplesmente pelo
fato de escolher minha identidade de gênero.
Falo, que nós transexuais e
travestis, somos celebridades desconhecidas, pois nossa simples ida a padaria
gera comoções, cochichos e piadas, muitas das vezes de péssimo gosto, por
sinal.
Se ter o status de celebridade
para nós, não é muito interessante, tendo em vista que toda celebridade é
respeitada e admirada e não apenas apontada e criticada.
Você leitor, pode pensar: ”Sofrer
críticas é normal para qualquer cidadão?” Porém no nosso caso não. Somos
atacadas, agredidas de todas as formas, inclusive verbalmente e muitas de nós
mortas pelo simples fato de assumir uma opção
dentro de uma sociedade
Saindo da costureira que ficava dentro de uma das estações mais movimentadas
do Rio de Janeiro, já correndo pois o tempo não anda corre ainda mas quando é
hora de entrar no trabalho.
Fui ao banco resolvi algumas
questões no caixa eletrônico, e depois rumo à barraca do “amigo” do biscoito,
rapaz este que vende biscoitos de todas as marcas e todos os preços em uma
banca sobre a calçada, calçada esta que fica localizada em frente ao prédio que trabalho, no centro do
Rio de Janeiro.
Nesse momento brincamos eu e os
meninos, acho que vou ficar conhecida nessa região ao redor do trabalho, motivo
este porque enquanto fazíamos as fotos na barraca, os outros barraqueiros que
se encontravam ali por perto começaram a gritar e perguntar o que estava
acontecendo e que queriam ser clicados também. E nesse momento o “amigo do
biscoito” diz: vou sair ao lado do tufão rindo e brincando com os outros
vendedores do local.
Depois dessa cena, saímos e os
meninos me deixaram na porta do trabalho agora que venha a próxima quarta
feira, ansiosa para saber o que me espera. Vida que segue.
Tatiana Crispim
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