Neste sábado, 9, foi lançado nas redes sociais um protesto da Frente
Paulista de Travestis e Transexuais contra a organização da Parada Gay
de São Paulo.
Em conversa por telefone com o Blogay, a travesti
Janaína Lima, 36, esclarece o que está acontecendo. “Este ano não temos o
nosso tradicional trio nem conseguimos colocar nossos cartazes. Mas
acordamos com a Parada que iríamos no trio oficial de abertura e algumas
outras no trio da Paz que encerra o evento. Depois vieram nos anunciar
que iríamos no sétimo carro e no último. Por fim, ontem (sexta-feira)
avisaram que seria só no sétimo carro e que não adiantava nem reclamar
porque não tinha acordo.”
As travestis e transexuais iriam vestidas de professora, enfermeiras,
advogadas. “Eles [os organizadores] pediram que nós não fossemos
peladas ou de vestido curto. Mesmo a gente achando que no fundo tinha
algum preconceito porque boy de sunga branca sem camisa iria ter aos
montes, nós concordamos porque era uma maneira de dar visibilidade aos
transgêneros.”
Toda esta situação escancara um certo desdém, mesmo que implícito,
pelas vítimas mais visíveis da homofobia. “Com esta gestão não
conseguimos diálogo algum, existe uma invisibilidade para as travestis e
transgênros. A Parada Gay hoje é uma parada machista e misógina”,
desabafa Janaína.
Esta situação levou a Frente a divulgar a seguinte nota:
“Nós, travestis e transexuais reunidas no dia 09 de junho de 2012
após discussão pelo conjunto de pessoas presentes na reunião ordinária,
como consta registrado em ATA, vimos por esse intermédio protestar pela
forma como foram tratadas as travestis e transexuais desse estado na 16ª
Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Não concordamos com os argumentos
usados nas discussões para as nossas participações limitando e impondo o
modo de nos vestir e se comportar durante a parada, ainda assim
concordamos. Porém, nem com esse acordo fora disponibilizado para nós o
trio como de costume, mais espanto causou ainda quando fomos informadas
que nem as nossas participações nos demais trios fora garantida como um
acordo prévio com os organizadores da mesma. Nesse sentido não nos cabe
outra atitude senão PROTESTAR pela forma transfóbica dos organizadores
da 16ª Parada e esperar que a gente possa ser incluída não somente nos
discursos, mais nas ações e atitudes que tenham a ver com a população
LGBT de São Paulo, pois também fazemos parte dessa cidade e estado.
Travestis e Transexuais já esta na hora de sermos respeitadas e não apenas usada”
O OUTRO LADO
Em conversa com o Blogay, o assessor de imprensa da
Parada de São Paulo, Leandro Rodrigues, explicou que “existem 40
pulseiras reservadas para as travestis e transexuais. 20 para o sétimo
carro e 20 para o último carro que será um trio da diversidade, voltada a
grupos vulneráveis, além da questão do casamento igualitário.”
Segundo Rodrigues, o trio oficial da Parada, o chamado carro oficial
acabou ficando apertado para o grupo de travestis pois terá a presença
de políticos como Marta Suplicy, Jean Wyllys e o governador Geraldo
Alckmin que virá com uma comitiva de oito pessoas.
Ele também afirma que “em nenhum momento a Parada resolveu impor uma
certa vestimenta para as travestis. E que cada um vá vestido como bem
entender. Importante frisar é que a orientação para se vestirem como
profissionais de várias áreas atende a uma demanda levantada por nosso
grupo quinzenal de TTs [travestis e transexuais], que é a inserção delas
no mercado de trabalho. Portanto, virem fantasiadas de médica,
comissária de bordo, professora etc é um protesto alegórico pelo o
reconhecimento das TTs como capazes de executar qualquer função. Porém,
nenhuma delas é obrigada a acatar essa orientação e podem se vestir da
forma que quiserem.”
Sobre uma posição de transfobia da Parada , ele alega que em seus
quadros têm as travestis Greta Star, tesoureira do evento, e Adriana da
Silva.
FONTE.:http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2012/06/09/travestis-e-transexuais-protestam-contra-parada-gay-e-machista-e-misogina/
Nenhum comentário:
Postar um comentário