6 de abr. de 2012

Um 8 de março para reverenciar e reconhecer o valor da mulher

              Da esquerda para a direita, Raquel Duarte, Denise Pessoa, Ana Corso e Mariane Ceconello
Por Laudir Dutra - O dia não poderia ser mais propício, 08 de março, de tantas lutas, de tantos desabafos e acima de tudo, carregado de emoção. Este foi o cenário proporcionado pela audiência pública realizada  pela Comissão dos Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, a qual é presidida pelo vereador Renato Nunes.
Para simbolizar a homenagem e por uma questão de simbologia, o edil entregou a condução dos trabalhos à vereadora Ana Corso, que com sua importância e experiência por ter sido ao longo de alguns anos, presidente da referida, soube seguir sem nenhuma ressalva e com a anuência de todos os presentes.
Notícias boas e diversas reflexões que cercam a violência contra a mulher foram as grandes detentoras dos debates, que contou ainda com um plenário participativo, representantes de algumas entidades, como Mariane Ceconello, Secretaria Geral do Sindiserv; Luciane Demenechi do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher; Raquel Duarte, da Marcha Mundial das Mulheres, Verusca Prestes da OAB, Secção Caxias do Sul, Linéia Grazziotin, da Coordenadoria Municipal da Mulher, Sandra Zatta, Liga Brasileira de Lésbicas, Cleonice Araújo da Ong Construindo Igualdade, além é claro da vereadora Denise Pessoa.
Renato Nunes salientou que a Comissão que ora representa está receptiva para qualquer tipo de encaminhamento às autoridades competentes quando se tratar de violência contra a mulher. “É nossa obrigação formular qualquer tipo de denúncia contra todo tipo de abuso. Temos trabalhado no sentido de desmistificar a comissão e tudo que ela representa no contexto geral. A CDHCS, não é apenas para defender bandido mas sim, para todo o cidadão que de alguma forma, se sentir discriminado, agredido, vítima de violência física, moral e psicológica. Estaremos sempre abertos a estes entendimentos quando houver necessidade”.
Ana Corso por outro lado, prefere enaltecer as grandes conquistas das mulheres ao longo da história desse país. “Uma das maiores conquistas foi a vitória de uma mulher pela primeira vez à presidência da República. Esse fato se reveste de um significado muito grande e merece sim ser lembrado por muito tempo como positivo e apenas um início de tudo que ainda a mulher tem para conquistar”, o que foi amplamente apoiada por Denise Pessoa, que lembra ainda os fatos locais. “Hoje na nossa casa legislativa temos uma mulher à frente dos trabalhos. Geni Peteffi é a segunda a conquistar essa condição”.
Luciane Demenechi lembrou as lutas enfrentadas ao longo dos tempos por todas as mulheres e faz um alerta. “A questão de a mídia expor a mulher, causa certa insegurança, natural de quem está sendo usado. Estamos num paradoxo, pois precisamos estar cientes dos caminhos que temos que seguir. Temos que fazer a compreensão de que a violência não é só física, atrelada a essa vem a violência mental e a biológica, que sempre são indicadores de que precisamos redobras as atenções e os cuidados”.
Para Mariane Ceconello, um elogio, uma observação, muitas vezes vai muito além das fronteiras. “Queremos ser reconhecidas pela nossa capacidade intelectual e não como bonitinha e bem vestida. Existem muitas coisas acontecendo no âmbito das empresas públicas e privadas, por trás da proposta de promoção vem o convite para ir para cama, um beijo ou uma relação extra. Temos que estar atentas e coibir esse tipo de abuso tão comum nos dias de hoje”.
Sandra Zatta pede respeito. “Não sofremos violência física, mas sim psicológica da sociedade. Todo mundo precisa ser respeitado, independente da condição ou opção sexual”.

                                       Cleonice Araújo defende acesso ao mercado de trabalho
Para Cleonice Araújo, as oportunidades devem ser para todos, indistintamente. “Mulheres transexuais não têm colocação no mercado de trabalho. O que queremos é o respeito com todos os seres humanos”.

Marcha Mundial das Mulheres

A Marcha Mundial das Mulheres – MMM – tem como principais bandeiras a luta contra a pobreza e a violência sexista, elas incorporam também a luta contra mercantilização do corpo da mulher, pela legalização do aborto e outros.
O movimento se inspirou na marcha que em junho de 1995 cerca de 850 mulheres percorreram 200 quilômetros entre Quebec e Montreal no Canadá. Elas marchavam contra a pobreza, a conquista desta manifestação foi o aumento do salário mínimo, em uma economia de preços estáveis e pressionada pelo mercado comum com os Estados Unidos, além de mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia solidária. Elas foram recebidas por mais de 15 mil pessoas em Montreal, o lema da Marcha era “Pão e Rosas”.
Com isso, em 2000 se teve uma campanha entre oito de março a 17 de outubro, onde seis mil grupos de 159 países aderiram a Marcha Mundial das Mulheres e foi feito um abaixo assinado com mais de cinco milhões de assinaturas apoiando as reivindicações das mulheres e entregue a ONU. Com esse ato simbólico, se finalizava essa movimentação em 2000 e se fortalecia oficialmente essa rede de movimentos feministas implicado na Marcha Mundial das Mulheres.
Raquel Duarte, carrega essa bandeira feminina aqui em Caxias do Sul e comemora os resultados obtidos, salientando que esta é mais uma ferramenta de proteção aos direitos da mulher. “Sabemos que nada vem de graça, exige muita luta e perseverança. As leis que hoje estão sendo criadas e agora referendadas, servem para responder os anseios da sociedade, que clama por igualdade e justiça social”, ressalta.
Entre os princípios da marcha, a militante destacou a organização das mulheres urbanas e rurais e as alianças com movimentos sociais. Defendemos a visão de que as mulheres são sujeitos ativos na luta pela transformação de suas vidas e que ela está vinculada à necessidade de superar o sistema capitalista patriarcal, racista, homofóbico e destruidor do meio ambiente.

Motorista de ônibus com muito orgulho

                                                    Joyce Duarte é motorista de ônibus
Entre tantas profissões, sempre existem aquelas que recebem atenções especiais, algumas com maior exposição, outras que exigem firmeza de atitude e vontade muito grande de vencer profissionalmente e o reconhecimento é o maior prêmio.
Joyce Chaves é o típico exemplo de quem persistiu e quebrou barreiras dentro da empresa em que trabalha. Sua profissão: Motorista de ônibus, função que exerce desde 2010 na Visate.
Joyce é uma das 25 mulheres motoristas do quadro de funcionários da empresa e se identifica inteiramente com o cargo. Mas não foi nada fácil. Em 2006, quando entrou para trabalhar como operadora de sistema, passou por todas as etapas exigidas, foi para autoescola, adquiriu a CNH, fez cursos, aprendeu sobre as funções e hoje com muito orgulho pode ser vista em uma das diversas linhas espalhadas por bairros de Caxias.
A mudança talvez de direção na vida de Joyce não é mais uma novidade e nem tabu e serve de inspiração para muitas outras mulheres que almejam algo melhor para as suas vidas, pois todos os dias tabus são quebrados para a felicidade geral da nação feminista e também para os empregadores, pois hoje em dia, ter uma mulher no quadro funcional não é uma exigência da lei, assim como na política por exemplo e sim uma realidade que se apresenta de forma definitiva. (Fotos Ponto Inicial)

Publicado por on mar 9th, 2012 arquivado em Destaques, Mulher.  

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