15 de set. de 2011

Sobre o Rock In Rio==TESTE HIV/AIDS...Só loucuras mesmo!!!Acho que deve ser pelo fato de ser ROCK NÉ

Prezados, também participei dessa reuniáo e depois de muitas
explicações e justificativas perguntei se alguém sabia como ficava a cabeça
de uma pessoa que recebe um diagnóstico positivo, principalmente em uma
festa. Recebi resposta não satisfatória e logo à seguir fui participar
de um debate na Escola de Enfermagem Ana Neri da UFRJ(público alunos
do mestrado , doutorado , professores e profissionais) após a
apresentação do filme POSITIVAS, juntamente com a diretoraSusanna Lira.
Iniciei minha fala me desculpando por ter chegado atrasada porque a
reunião com o DN se prolongou mais do que estávamos esperando e para
minha surpresa todos queriam saber se a testagem no Rock in Rio havia
sido cancelada e ficaram bastante decepcionados quando informei que ela
acontecerá.
Durante as perguntas a organizadora, professora Dra. Carla me
confidenciou que havia um casal presente (que não era aluno) que acabara
de receber pela manhã o resultado positivo e desejou assistir ao filme,
ele estava inscrito para me fazer pergunta(só o resultado dele deu
positivo o da mulher deu negativo). Aproveitei uma pergunta para falar
sobre a importancia do apoio familiar, das relações sorodiscordantes,
sem buscar culpados, que ninguem precisa sair contando sua sorologia
enquanto não se sentir à vontade para isso, que a pessoa tem direito ao
sigilo, que buscar ajuda psicologica e um grupo de apoio era importante
para o fortalecimento e que principalmente temos que vivenciar nosso luto, para depois
com o tempo conseguirmos forças para continuarmos a vida.O homem pediu
para falar e em pranttos (chorou muito, muito muito) disse que quando
recebeu o diagnóstico pensoui em se matar, pois ele é evangélico, tem 45
anos, tem uma companheira e que não tem coragem de enfrentar a
familia,os amigos,falou do medo de ter infectado a mulhere da sua culpa
por ter se relacionado fora de casa sem preservativo.
Perguntei porque ele fez o teste e onde e ele nos explicou que é
doador de sangue e que fez no hemoRrio. Perguntei se ele se sentiu
acolhido no momento em que recebeu a noticia ea resposta dele nos fez
chorar à todos que estávamos presentes (só a assistente social sabia
do caso) ele respondeu: * - Eu só queria um abraço e não recebi *.
Fiquei ali parado sem saber o que fazerpor mais de 3 horas, só pensando
em me suicidar. Me foi dito que eu deveria chamara alguém para me buscar
e que eu tinha que contar para a minha mulher, pois ela tambem teria
que fazer o teste. Quando minha mulher chegou choramos juntos e fomos
informados de que ela não poderia fazer o teste lá e nos foi dado
vários endereços para procurarmos um e então viemos aqui no CTA
(Hospital São Francisco de Assis) onde ela fez o teste rapido e deu
negativo e fomos convidados para assistir ao filme. E agora ! Onde ir
para iniciar o tratamento. Ouviu dizer que os hospitais estão todos
lotados e que a fila de espera é grande. Será que as pessoas vão olhar
para ele descobrir que ele tem HIV. A mulher vai fazer outro exame em 3
meses, mas até lá, podem transar, beijar, Onde conseguir camisinhas, Qual
diferença entre ter HIV e ter Aids. Ele também vai emagrecer e ficar com a
fisionomia característica da Aids. Ela é da marinha será mandada
embora quando descobrirem que ele está infectado. Será que ela vai
abandoná-lo (a mulher ficou o tempo todo calada, sentada ao lado dele). Será que vão pensar
que ele é gay, esta doença é castigo. Quando vai morrer.Respondi com
emoção auxiliada pela Susanna (que ofereceu uma copia do filme para que
ele pudesse ouvir os depoimentos com calma, inclusive dos familiares)
reforçou a minha fala sobre a orientação sexual de cada pessoa, que
doença não é castigo e que precisamos acreditar em alguma coisa para
superar este momento. A Dra. Carla disse que trabalha com pessoas
soropositivas há mais de 20 anos e que os medicamentos, a adesão e os
bons pensamentos são primordiais para uma melhora físicca, além da
descoberta precose da doença. Solicitei à ela que utilizasse seus
conhecimentos para que ele fosse tratado ali mesmo, evitando uma
peregrinação pelos serviços. Aproveitei para dizer à todos os presentes
que assistiram emocionados o desespero daquele homem, que ao chegarem em
seus locais de trabalho não esquecessem o quanto um abraço, um aperto
de mão,uma palavra amiga pode salvar vidas. Se alguém não se sente à
vontade para estas ações que procurem outra função. Não vá lidar com o
público tão diretamente.
Aí pensei nas pessoas que recebem diagnóstico em festas. Como
desejei que as autoridades estivessem ali, ouvindo um homem chorar
copiosamente, com tantas perguntas sem respostas, com culpa, com medo .
Será que continuariam achando que faz o teste em uma festa quem quer.
Que basta indicar o hospital para um acompanhamento inicial, que
receber um diagnóstico positivo para o HIV é a mesma coisa que receber
um diagnóstico de diabetes. Sei da importancia de ficar sabendo o mais
cedo possível da doença, para evitar casos como o meu que devido ao
diagnóstico tardio acabei ficando cega. Mas será que não estamos
realizando estas ações em locaisinadequados. Será que não estamos
priorizando a saúde física mais que a saúde mental.Será que estamos
perdendo a sensibilidad e banalizando a dor de um diagnóstico positivo.

P.S. Antes de encaminhar esta carta recebi um e-mail da Dra. Carla me
informando que o rapaz seracompanhado lá no hospital.
- Não falamos mais sobre o filme, apenas ouvimos e procuramos acolher
aquele ser humano que precisava de colo, atenção e
solidariedade.Outras pessoas também falaram palavras de incentivo
e de carinho.

-Desculpem a falta dos pontos de interrogação não sei onde fica
localizado neste teclado.

"Nada sobre nós, sem nós"
Beijinhos, Cida

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